segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

PCC MUDA ESTRATÉGIA E AFROUXA CÓDIGO DE CONDUTA PARA FORMA EXÉRCITO:
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 Na esteira dos massacres nos presídios pelo país, a mais numerosa organização criminosa brasileira tem afrouxado os códigos de conduta para reforçar seu exército. Na guerra pela hegemonia nacional no tráfico de drogas e armas, os chefes da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) fazem “batismos” indiscriminados em presídios de todo o país. Mesmo presos sem assassinatos ou roubos a banco na ficha criminal, uma espécie de exigência anterior, estão sendo recrutados. A estratégia, segundo investigações dos ministérios públicos estaduais e da polícia, serve para ganhar em quantidade e fazer frente a outras facções, como o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN), que também estendem seus tentáculos por várias regiões.
O conflito que matou dez presos na Cadeia Pública de Itapajé, no Ceará, na última segunda-feira, ilustra bem a disputa entre facções e a escalada da violência. Assassinados com tiros e facadas, os homens seriam integrantes da facção paulista. O ataque teria sido uma resposta à chacina com 14 mortos num forró promovido por outro grupo na periferia da capital cearense. As penitenciárias do estado abrigam líderes de pelo menos quatro bandos.
— Nos estados em que o PCC não é o líder, não importa mais o currículo do criminoso, eles querem números para vencer a guerra — diz o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.
Ao ingressar na organização em São Paulo, o criminoso precisa ser “batizado” por um integrante mais antigo. Para ser aprovado no “vestibular” da facção, o iniciante precisa provar a disposição para matar e controlar o tráfico. Nos outros estados, essas regras foram flexibilizadas em nome da competitividade numérica.
Nos presídios de regiões fora do eixo Rio-São Paulo, um único membro deve “batizar” pelo menos dois novos integrantes. As provas de lealdade, como a morte de um policial ou ataques a órgãos públicos, também teriam deixado de ser exigidos.
— O PCC tem crescido de forma exponencial porque o “batismo” tem sido feito de forma indiscriminada. A facção precisou se flexibilizar para ganhar musculatura e domínio — diz o promotor Luciano Miranda Meireles, coordenador do Centro de Apoio Criminal de Goiás.
No início do ano, o Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia registrou numa única semana três rebeliões. Na primeira, nove pessoas morreram carbonizadas, 14 ficaram feridas e 80 fugiram. O motim teria começado quando integrantes da organização paulista insurgiram contra detentos que teriam sido arregimentados por outros grupos.
MENSALIDADE MENOR
Para garantir o avanço pelos estados do Nordeste, a organização criminosa paulista diminuiu o valor da mensalidade à facção. Enquanto em São Paulo a taxa paga ao comando é de R$ 800, em estados como Maranhão e Ceará um criminoso desembolsa quatro vezes menos, segundo informações de promotores que atuam no combate ao crime organizado em diversas regiões do país.
Outra regra considerada de ouro, a não filiação de menores de idade, foi quebrada para garantir musculatura para enfrentar grupos rivais em possíveis confrontos. E até mesmo integrantes expulsos por dívidas estão sendo perdoados e reinseridos na organização.
— A exigência hoje é quase zero. O PCC, que sempre foi rigoroso, passou a ter, nesses estados, bandidos sem expressão na tentativa de conquistar território. A estratégia é, quando houver uma guerra, como está ocorrendo em vários lugares, ter mais soldados para entrar nessa batalha contra os rivais — diz Lincoln Gakiya, promotor do Gaeco em Presidente Prudente, cidade no interior de São Paulo onde está localizado o presídio federal que abriga o comando da facção criminosa.
O avanço da organização paulista pelo Nordeste é, segundo investigadores, reflexo do envio de detentos locais para presídios federais. O Bonde dos 40, grupo que comanda o tráfico no Maranhão, copiou a estrutura organizacional do PCC.
— A estrutura de organização criminosa é um aprendizado das prisões federais, onde presos convivem com líderes de facções — diz promotor de Justiça Pedro Lino Silva Curvelo, da 2ª Promotoria de Justiça de Execuções Penais de São Luís, no Maranhão.
Fonte: O Globo

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